BOYS DON'T CRY (BR: Meninos Não Choram)
Ano: 1999Direção: Kimberly PeirceCom: Hilary Swank, Chloë Sevigny, Brendan Sexton III, Jeannetta Arnette, Peter Sarsgaard, Alicia GoransonAvaliação: ★★★★★ (5/5)
Do que se trata?Saiba como Teena Brandon se tornou Brandon Teena e passou a reivindicar uma nova identidade, masculina, numa cidade rural de Falls City, Nebraska. Brandon inicialmente consegue criar uma imagem masculinizada de si mesma, se apaixonando pela garota com quem sai, Lana, e se tornando amigo de John e Tom. Entretanto, quando a identidade sexual de Brandon vem à público, a revelação ativa uma espiral crescente de violência na cidade
Boys Don’t Cry conta a história de Brandon Teena (Hilary Swank), um transexual que muda de cidade na intenção de recomeçar sua vida, desta vez se apresentando como homem. Baseado em uma história real, o filme questiona os limites do preconceito e as barreiras que o amor pode quebrar. Um acontecimento lindo, se não fosse trágico. Chloë Sevigny, com sua Lana, mostrou-se uma atriz de fibra e deixou claro que não haveria par melhor para Hilary.

Fui assistir ao filme despretencioso, sem esperar muita coisa, mas me surpreendi. A maquiagem de Swank foi o primeiro ponto que me chamou atenção, pois se não a conhecesse poderia jurar que era sim um rapaz. Chloë também estava linda, sem dúvidas um de seus visuais mais bonitos. Simples, mas combinou com suas feições, caiu-lhe como uma luva.
Foi o primeiro filme de Kimberly Peirce que vi e não vejo a hora de conferir outro. O trabalho da diretora foi fantástico, direção impecável. Há várias cenas memoráveis, cito como exemplo o momento em que Brandon, guiando um carro com seus colegas, entra em uma nuvem de fumaça, dando um ar mágico e especial à aventura deles – que estão sendo perseguidos pela polícia. Brandon precisa ser maduro para enfrentar sua situação, mas ainda assim consegue se divertir e mostrar que nem tudo na vida é tristeza. Não tristeza por ser transexual, mas por ter que fugir... Precisar mentir para quem ama com medo de perdê-la. Tudo está no lugar certo, fotografia, direção, elenco. Nota 10.
Roteiro idem excelente. Tenso nas horas certas, dramático também. Emocionante, num todo. Não força nada, dá um ar sutil e espontâneo ao filme, fazendo-o merecer o trono onde fora colocado. O roteiro é crucial em um filme – se for ruim, dificilmente os espectadores irão se envolver com a história ou gostar dela – e o de Boys Don’t Cry, aliado à excelente direção e fotografia, cria uma película feita para ver e rever várias vezes. A veia trágica da história é tratada de forma verdadeira, envolve quem assiste e cria toda uma apreensão para o final, que mesmo todos sabendo que é triste, não têm como não morder o travesseiro esperando que dê tudo certo para os dois pombinhos.

Não é um filme para chorar, choros podem ser ocasionados se você for muito emotivo (a), é um filme para, de certo modo, repensar atitudes. Porque matar pela sexualidade de uma pessoa? Uma vida foi arrancada sem piedade e o filme corta o coração na cena final, em que Lana chora sob o já falecido corpo de Brandon. Um final envolvente e previsível, mas não menos que reflexivo, emocionante e cruel. Os créditos, embalados por Bluest Eyes on Texas, dão a pitada emocional final contando que fim se deu a cada personagem. Uma obra-prima do cinema que todos devem um dia ter a graça de conferir.

Por Antônio Batista
Já vi o filme e concordo em gênero, número e grau com a crítica, muito boa.
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